Memória - Cleonice dos Santos

 


Cachoeirana e moradora do Alto do Rosarinho, Cleonice é conhecida por todos como Creó. É filha biológica do saudoso Ogã Bernadino da Roça do Ventura, como filha de santo foi iniciada pela saudosa Ialorixá  Galdinha, conhecida como Baratinha.

Creó é mãe de uma filha e três filhos, avó de 07 netos e 06 bisnetos. Historicamente a sua família traz a ancestralidade que vai sendo cultuada através de gerações. Devota de Santo Antonio e de São Roque, a sambadeira participa das celebrações durante os tríduos, novenas e trezenas, além da procissão de São Roque em 16 de agosto.

Sempre residiu no Alto do Rosarinho, bairro de população negra na cidade de Cachoeira e que possui momunentos históricos como a Igreja do Rosarinho e o Cemitério dos Pretos. No bairro era vizinha de Dona Dalva na qual se tornou comadre quando permitiu que Dona Dalva batizasse um dos seus filhos.

Profissionalmente trabalhou como charuteira na Fábrica de Charutos Suerdieck com tarefas como abrição de fumo, destalar, pesar e empilhar o fumo. , o que se intensificou as relações com Dona Dalva, a partir do Samba de Roda Suerdieck, na qual Cleonice é baiana.

É participante ativa do Samba Suerdieck, Terno de Reis Esperança da Paz, Terno das Baianas do Acarajé, Quadrilha Junina Quanto mais velho Melhor e do Samba de Roda Mirim Flor do Dia. Todas as manifestações culturais que Creó participa, é uma grande colaboradora, em especial do Samba Mirim Flor do Dia em que reúne crianças e adolescentes bem como contribui com as vestes das sambadeiras mirins.

Creó se lembra e descreve momentos importantes na fábrica, dentre eles dos ensaios do Samba de Roda no pátio e da organização de Dona Dalva para as apresentações. Durante a entrevista conta que no momento da merenda em que as charuteiras iram para o terraço, encontrava com Dona Dalva cantando os sambas, e que esses momentos eram de grande interação e distração. Creó traz lembranças das antigas apresentações do Samba Suerdieck a exemplo nas festividades de Nossa Senhora do Rosário, Santa Bárbara, Santa Cecília, Nossa Senhora do Monte, além de outras festividades religiosas.

Além de Dona Creó, seus familiares participaram e participam das manifestações culturais das quais estão seus filhos, netos, além de outras como a sua irmã Nede (in memoriam) e sua prima Dona Odete (in memoriam).

Creó guarda muitas lembranças da cidade de Cachoeira e do bairro do Rosarinho, relembra da fundação de manifestações como da Esmola Cantada, de bandas de percussão como Swuing Manero e da iniciação cultura de Juninho Cachoeira no Samba de Roda Mirim Flor do Dia.

 

SILVA, Cleonice dos Santos. Patrimônio e Cultura. Apoio e Promoção a Manifestações Culturais – 2ª edição. Entrevista concedida a Any Manuela Freitas. Cachoeira, Setembro 2021.

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