Memória - Ana Cristina

 


Nascida em Cachoeira, filha de mãe operária charuteira, irmã de 15 irmãos entre maternos e paternos, possui um filho Anderson de Jesus. Sua mãe era ama de leite e desde criança a acompanhava exercendo um intenso trabalho na zona rural em troca de alimentação.

Durante o mês de novembro, nos festejos de Nossa Senhora D’Ajuda organiza e investe do próprio bolso a prancha com a participação de crianças e adolescentes vestidas de baiana, fantasiados de cabeçorra e mandús, moradores dos bairros Vila 25 de Junho, Baixa da Olaria e Três Riachos. Pranchas são carros ornamentados que se apresentam durante o pregão, bando anunciador de festejos tradicionais, neste da festa D’Ajuda, onde os participantes estão fantasiados e com charangas tocando músicas tradicionais e populares da atualidade. Tina é cantora e em sua trajetória cantou com Rone Macedo e na Banda Miscigenação, além de já ter feito backing vocal com os cantores Sine Calmon, Edson Gomes e o cantor Gode.

A partir da familiaridade com a sua mãe Dona Benedita, conheceu Dona Dalva, na qual se lembra desde criança ouvir a referência a Doutora do Samba. Ao receber o convite de Dona Ana uma das filhas de Dona Dalva, se organizou e passou a integrar o grupo na qual está presenta até os dias atuais integrando também o Terno de Reis Esperança da Paz, Terno das Baianas do Acarajé com apresentação durante a Festa de nossa Senhora D’Ajuda, Quadrilha Junina Quanto mais velho Melhor. Tina participa do caruru de Cosme e Damião oferecido por Dona Dalva, colabora com a feitura, com as rezas e com a distribuição. Orgulha-se e se emociona ao falar de Dona Dalva e do Samba Suerdieck ser o primeiro grupo da cidade de Cachoeira. Além de baiana sambadeira é costureira, na qual junto com demais costureiras costura as vestes dos Ternos de Reis e do Samba de Roda. Durante a entrevista, lamenta a dificuldade enfrentada para manter e construir a Casa do Samba de Roda de D. Dalva, bem como a desvalorização dos cachês pagos no município. Faz o pedido para a construção da Casa do Samba.

Desenvolve festas em comunidades, nas quais organiza programação com música, brincadeiras, prêmios e distribuição de alimentos, com acessibilidade para os moradores do bairro que sedia a programação.

Das antigas histórias se recorda que os sambas eram realizados em atos de fé como promessas, devoção e pedidos ligados a religiosidade, na qual eram iniciados com rezas e prosseguiam com sambas em homenagem ao santo católico celebrado.

Em seu depoimento, Ana Cristina destaca a importância em preservar a cultura local, o patrimônio imaterial e material, bem como a valorização dos artistas e músicos da cidade.

 

JESUS, Ana Cristina dos Anjos de. Patrimônio e Cultura. Apoio e Promoção a Manifestações Culturais – 2ª edição. Entrevista concedida a Any Manuela Freitas. Cachoeira, Setembro 2021.

 


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