Memória - Maria Lúcia



Maria Lúcia é filha e neta de paneleiros ceramistas. Conhecida como Mariinha, nasceu em Cachoeira dia 11 de outubro de 1947, é mãe de 10 filhos, 37 netos e 16 bisnetos. Religiosa, é devota de Orixás do candomblé, dente eles Ogum a quem clama, e no catolicismo é devota de Santo Antonio, Santa Bárbara, São Cosme e São Damião.

Iniciou a sua participação no Samba de Roda Suerdieck com o convite da saudosa amiga D. Mãezinha, que era integrante do Samba Suerdieck e operária da Fábrica de Charutos Suerdieck. Desde então passou a ser uma das baianas que inclusive alcançou o tempo em que os ensaios eram no pátio da Fábrica Suerdieck. Ficou um período afastada do grupo, em razão da necessidade de criar os filhos, quando recebeu o convite de Dona Dalva para reintegrar o Samba Suerdieck junto com as demais baianas que abrilhantavam as apresentações. D. Mariinha foi uma das baianas que participou das apresentações iniciais do grupo de Samba de Roda no São João – Feira do Porto, dentre outras lembra também de quando o grupo se apresentava para homenagear a santos católicos, a exemplo dos festejos de Nossa Senhora do Rosário, de Santo Antonio, Santa Cecília, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora D’Ajuda, dentre outras.

Foi operária charuteira, trabalhou nas fábricas Suerdieck, Danco, “15” e “40”. Quando trabalhava na Suerdieck D. Mariinha encontrava com Dona Dalva no trabalho, embora trabalhavam em áreas diferentes, se encontravam frequentemente tanto para trabalhar quanto para participar dos ensaios do Samba Suerdieck no pátio da fábrica.

Durante a entrevista, D. Mariinha conta que o seu amor por samba é antigo e frequentemente estava nos “sambinhas” e nas “chulas”. Durante a entrevista, D. Mariinha lembra de um senhor que se chama S. Gregório era zelador de Orixá e anualmente realizava o Terno de Reis em Conceição de Feira. Mariinha junto com um grupo de pessoas se deslocava de Cachoeira até Conceição, caminhando para participar do Reis.

Relembra com saudades que em seu tempo de infância e juventude, acompanhava os mais velhos para os festejos e rezas de santos católicos onde as “chulinhas” iam até rezas iam até o dia amanhecer, e as rezas inclusive eram mais frequentes em comparação aos dias atuais.

Além do Samba participa de festejos culturais como Quadrilha Junina quanto mais velho – Melhor, Terno de Reis Esperança da Paz e Terno das Baianas do Acarajé. Seus netos e netas participaram do Samba de Roda Mirim Flor do Dia. Dos seus filhos segue a carreira artística o cantor J Araújo, onde além de cantor é compositor e diretor da banda.

Pra D. Mariinha, o Samba de Roda é uma cultura e que lhe apresenta a várias pessoas e a leva pra diversos locais.

 

SILVA. Maria Lúcia Araújo. Patrimônio e Cultura. Apoio e Promoção a Manifestações Culturais – 2ª edição. Entrevista concedida a Any Manuela Freitas. Cachoeira, Outubro 2021.


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